terça-feira, 25 de novembro de 2014

O PERFIL DO PROFISSIONAL DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS PARA O SÉCULO XXI

Com o crescente número de profissionais formados em ciências agrárias no Brasil, é comum ouvir que o mercado está saturado, que não haverá espaço para tantos egressos destes cursos e que os egressos de Medicina Veterinária, Zootecnia, Agronomia, Engenharia Florestal e tantos outros, serão obrigados a duelar em um mercado restrito e extremamente competitivo, onde muitos serão submetidos ao subemprego. Quem nunca ouviu este discurso pessimista?
Por outro lado, mesmo embora as escolas lancem continuamente mais e mais recém formados no mercado de trabalho, o agronegócio enfrenta dificuldades para encontrar o profissional com o perfil ideal para os seus quadros. Há um paradoxo que coloca de um lado uma legião de recém formados desejosos por uma oportunidade, e do outro um grande número de vagas de emprego que não são ocupadas devido a preparação inadequada destes acadêmicos. Este despreparo vai de questões técnicas obrigatórias para o diploma até questões multidisciplinares como comunicação oral e escrita, empreendedorismo, domínio do segundo idioma, ferramentas de informática e mesmo relacionamento interpessoal. Habilidades quase "natas" e as quais as Universidades brasileiras tem grande dificuldade de despertar interesse ou mesmo a atenção dos seus acadêmicos. 
Foto: Marcus Rezende
Como admitir alguém se formar em um curso universitário sem dominar o pacote de ferramentas do Office? Sem habilidade para fazer uma apresentação pública? Sem habilidade para escrever um artigo científico ou mesmo para uma revista ou jornal local? Sem habilidades mínimas para o exercício da sua profissão, como o entendimento da fisiopatologia das principais doenças do rebanho no caso dos veterinários; ou das principais doenças dos cultivares agrícolas para os agrônomos; de entender a nutrição e a formulação de dietas para os zootecnistas? Pasmem: mas é isto que os recrutadores das agroindústrias tem encontrado durante os seus processos seletivos. De um lado profissionais em busca de uma oportunidade de emprego, do outro as vagas esperando por profissionais habilitados para ocupá-las; e este encontro precisa acontecer!

Fonte: http://animalmarketing.com.br 
Os estudantes precisam entender que a escolha de um curso universitário é diferente de enclausurar seu futuro profissional na restrita amplitude que a sua escolha permite. É cruel com o adolescente exigir que defina a sua vida profissional já aos 16 ou 17 anos. É muito importante ter em mente que o curso universitário é somente o primeiro passo para uma carreira de sucesso, e não significa que os profissionais formados em ciências agrárias trabalharão exclusivamente com o agronegócio; muitos terão sucesso com outras atividades; serão militares, empresários, padeiros, músicos, políticos, vendedores e muitos, é claro; serão bons profissionais do agronegócio. Não há uma regra e por isso se deve estar atento ao movimento do mercado, às oportunidades e às tendências.

Outro ponto fundamental é entender os motivos pelos quais o estudante escolheu determinado curso. É por opção ou por falta dela? É por aptidão ou por falta dela? A profissão e a atividade escolhida permitirão ao profissional o sustento e qualidade de vida depois de formado? Quais os níveis de emprego e procura de profissionais da área? Quais as perspectivas de mercado para os próximos cinco, dez e vinte anos? Pode parecer complexo ou retórico, mas são questões que precisam ser respondidas por cada estudante para que este chegue ao mercado com uma visão que lhe permita enfrentá-lo, atento para a verdade e não somente com a utopia imposta por alguns dos seus professores e que frustram muitos estudantes.
Deve-se entender que o mercado não é cruel; mas sim, extremamente grato com os bons. Para os bons profissionais, mas nem sempre para os "somente" bons alunos. Existe uma grande distancia entre um e outro, e aqueles terão o mercado de portas abertas, desejoso pela sua força de trabalho. Já para estes, que chegam com somente com "boas notas", terão o mercado pouco receptivo e serão relegados ao ostracismo até que adquiram bagagem extra-curricular que interesse aos contratantes. O mercado paga muito bem para os bons e simplesmente não paga e não contrata outros. Simples assim!
Fonte: http://www.nossaescola.com/acervop.php?idpesq=97
Fonte: http://c-a-filosofia-ufpi.blogspot.com.br
Quando se ingressa em um curso universitário, a imagem dos profissionais bem sucedidos, bem pagos e se realizando profissionalmente é o que nos vem à mente; mas o que foi necessário para chegar ao sucesso? Quantas horas de sono foram perdidas; quantas festas foram deixadas de lado por uma viagem a trabalho; quantos encontros com amigos foram trocados por um compromisso com cliente? Por isso a pergunta se o estudante tem o perfil e a determinação para desempenhar tal função é sempre oportuna. Ou isto é feito ou se é cruel com este futuro profissional. A omissão é cruel, mas a verdade, por mais dura que possa parecer, jamais é cruel quando dita com o cuidado para servir de degrau para o desenvolvimento do indivíduo. Entretanto; somente quem tem o direito de se postar cara a cara com esta verdade é o próprio indivíduo; os professores e os líderes têm o direito e o dever de fazer perguntas que remetam o aluno a uma eventual mudança de rumos, mas jamais de responder ou escolher por eles. É comum observar “mentores” tentando introjetar nos seus orientados as suas expectativas, sonhos e frustrações; mas este é o papel de um mentor?

Foto: organização EJAV/UNESP 2014
Uma das grandes missões dos professores e mestres é a de "fazer abrir os olhos" e mostrar os caminhos para a carreira profissional, para o mercado de trabalho, para a vida em si. Abrir os olhos e mostrar os caminhos, mas jamais o de dizer o que e como deve ser feito, afinal; de quem é a vida, de quem é o futuro? Na dúvida, um processo de Coaching ou Mentoring, feito por profissionais habilitados e credenciados, é sempre oportuno e produtivo.
Destaco o termo “vida”, pois por mais diversos que sejam os perfis profissionais existentes nas escolas, todos tem o seu lugar ao sol; todos tem espaço no mercado de trabalho, basta estar no lugar certo, no momento certo, fazendo a coisa certa. Alguém com perfil tímido, introvertido e com dificuldades de relacionamento provavelmente terá dificuldades com atividades relacionadas a vendas e mesmo que se esforce para fazê-las, o fará com sofrimento intrínseco e terá que se superar para tornar-se um profissional de destaque.
Este mesmo profissional certamente terá melhor desempenho, trabalhando com mais prazer em fazer, se estiver envolvido com atividades que exijam concentração, isolamento ou convívio com um grupo limitado de pessoas, o que é exigido para muitas áreas de atuação. Cada talento e habilidade têm o seu lugar; mas quem deverá identificar o lugar é o próprio profissional, pois no mercado os líderes somente readequarão o profissional que realmente valer a pena, que tiver um talento que seja do interesse da empresa e que valha a pena ser desenvolvido. E entenda-se: desenvolver é diferente de criar! Os diamantes serão lapidados e ganharão brilho, beleza e valor; mas não serão feitos diamantes. Assim são os bons profissionais no mercado!
Fonte: http://circuscircus.com.br 
O mercado para o profissional de ciências agrárias tende a se expandir dia após dia, pois o aumento mundial pela demanda de alimentos exigirá dos produtores o maior investimento em tecnologia e em pessoas. Nos últimos 30 anos, observou-se o ciclo das engenharias, onde as obras de infraestrutura de alguns países impactaram em todo o mundo. Pois bem, os gigantes construíram e agora descobriram que precisarão alimentar suas populações, e países como Brasil, USA, Austrália e alguns do continente africano têm potencial para atender esta demanda. Mas quais profissionais serão demandados para esta atividade? Evidente que veterinários, zootecnistas, agrônomos, engenheiros florestais e técnicos agrícolas serão os mais procurados, mas o profissional precisará se destacar para conquistar os seu lugar ao sol; e este dependerá do talento e esforço de cada um. Em uma analogia às selvas, o leão nem sempre abate a gazela mais fraca ou lenta. Ele também abate as desatentas ou que se julgam mais velozes, hábeis e inatingíveis. Você não precisará ser mais rápido que o leão, somente mais ligeiro, atento e hábil que o seu concorrente. Este é o mercado!

Foto: Ingo Melo
Estar atendo ao fluxo e às exigências ajudará muito, pois o mercado muda e os profissionais prontos para o mercado sempre são mais valorizados. Há 20 anos, um profissional que dominasse informática era garimpado no mercado. Hoje esta é uma habilidade eliminatória! Qual será a habilidade desejada e eliminatória daqui a 10 anos? Quem descobrir ou mais rapidamente se adaptar a ela terá sucesso.
O mercado até tolera os medíocres, mas somente enquanto o bom não se apresenta ao trabalho. O mercado deseja os bons e disputa os excepcionais.

Na maioria das empresas a evolução das carreiras é estratificada de diferentes modos, que em termos gerais trataremos em júnior, pleno e master. Esta evolução não acontece simplesmente pelo tempo cronológico, mas pelo desenvolvimento e amadurecimento de cada profissional. O que deve ficar claro é que a evolução dependerá da qualificação profissional, domínio das ferramentas exigidas para o exercício da função, habilidade na gestão de pessoas e visão estratégica. Assim entende-se porque alguns profissionais jamais chegam ao staf das empresas e outros o fazem em carreira meteórica. Como dito anteriormente: o mercado é simples assim!
Foto: Marcus Rezende  
Por fim eu gostaria de deixar claro a todos que as empresas não contratam pessoas sem experiência. Isto é cruel para os recém formados? Sim, mas é a verdade nua e crua! Mas que acadêmico é este que sai da faculdade com um diploma de nível superior e sem experiência? E os estágios? Deve-se ter em mente que o estágio é uma parte crucial da formação dos profissionais, pois permite que muitos universitários cheguem ao mercado com elevado grau de maturidade e experiência profissional. Estes são absorvidos instantaneamente pelo mercado e muitas vezes são contratados antes mesmos de colocarem as mãos nos seus diplomas.

O mercado está ávido por profissionais com bom conhecimento técnico, mas também com espírito gregário, conhecimento em informática, em ensinar, em falar em público, disponibilidade para viagens e versatilidade para morar e trabalhar em diferentes regiões do país. As vagas estão abertas em muitas empresas dos mais diversos setores do agronegócio, mas não está fácil contratar. Mas com tantos profissionais recém formados no mercado, porque está tão difícil encontrar bons profissionais?
Antes que alguem encontre a resposta, encontre você o seu lugar ao sol!

Sucesso...

Marcus Rezende

2 comentários:

  1. Me sinto apavorado com esse mercado, após 1 ano e meio de formado, me encontro desempregado e sem expectativas, meus contatos já se esgotaram, currículos enviados e nenhum retorno, começo a colocar em "xeque" se fiz a melhor opção de profissão, nunca faltei uma aula se quer, fiz projetos científicos, organizei palestras, e cursos, fiz todos os estágios que pude, e me encontro, no que chamo de crise do recém formado, muitos pedem experiência, mas como ter experiência sem ao menos temos oportunidade de mostrar o potencial.
    Tenho muito entusiamo, quero ter emprego, posso fazer o que qualquer um pode fazer, e quero mostrar isso, porém onde está a minha oportunidade.
    Um tristeza que nunca senti toma conta de mim e penso onde será que errei? será que não passo confiança? será que meu currículo é pobre?
    Só peço a Deus que não demore a atender minhas preces quero ter minha família, e um lar para chamar de meu.

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  2. Grande grande amigo Pézão!!! Saudades imensas...nem sabia que era tão grande! Parabéns pelo sucesso...voce sempre mereceu! Mande noticias!!

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