quinta-feira, 3 de julho de 2014

VERDADES E MITOS SOBRE O CONSUMO DA CARNE VERMELHA

Diariamente somos bombardeados com notícias, de interesse muitas vezes duvidoso, sobre os benefícios ou malefícios dos mais variados tipos de alimentos. Nós, consumidores, estamos expostos aos interesses do mercado, que tenta manipular nosso comportamento por meio das campanhas abertas ou subliminares, que dia-a-dia ganham espaço na mídia. Muitas vezes convicções estapafúrdias, de "pseudo-especialistas” que tentam fazem das suas teorias, verdades absolutas. Um dia o limão faz bem, no outro mal; um dia o café é benéfico, no outro um vilão; num a carne do frango, no outro a do boi; mas onde está a verdade disso tudo? Verdade mesmo é o comportamento do mercado, pois após uma reportagem de um conhecido e respeitado Médico em um programa dominical falando sobre os benefícios da beringela ou outro que o valha, vá ao mercado e compare o preço.

                                                         Foto: Marcelo Monser
                                                         https://www.flickr.com/photos/marcelomonser/3762619646/in/photostream/

A mídia e o marketing são fantásticos, mas o consumidor deve se atentar para os modismos não comprometerem o equilíbrio da sua dieta, saúde e o prazer da boa mesa. O equilíbrio deve ser a tônica a nortear a dieta e a saúde humana; livre de excessos e radicalismos.

O MITO
Dias atrás me deparei com uma matéria responsabilizando a carne vermelha como a grande vilã da alimentação humana, provocadora de infindáveis males à saúde, como o colesterol, obesidade, hipertensão arterial e até câncer. Mas qual o fundamento e o que verdadeiramente há por trás de tais afirmações? De fato, o advento das mídias digitais tem permitido o acesso a uma enxurrada de informações baseadas em convicções passionais, sem base científica que respaldem estas pseudo-teorias e que, pelo volume e acessibilidade, acabam deixando ao largo o trabalho sério e longevo de muitos pesquisadores sérios e dedicados. Anos e anos de pesquisas e investimentos são colocados na vala comum dos mecanismos de busca e das enciclopédias virtuais.

De qualquer modo, precisamos ter em mente que existem alimentos fundamentais à saúde humana e dentre estes: a carne vermelha, importante fonte de proteínas, minerais, vitaminas e ácidos graxos fundamentais à saúde humana. Somente uma porção de 100 gramas de contrafilé grelhado, sem gordura de cobertura, contém cerca de 30 gramas de proteína, baixo teor calórico (190 quilocalorias) e baixa concentração de colesterol (67 miligramas/100 gramas) e gordura (3,9 gramas/100 gramas). Contém elevados teores de proteína de alta qualidade e é rica em ácidos graxos essenciais, vitaminas do complexo B (tiamina, riboflavina, niacina, ácidos fólico e pantotênico, e vitaminas B6 e B12), minerais (K, P, Mg, Fe e Zn) e em aminoácidos essenciais. Possui ainda, alta concentração de ácido linoléico conjugado (CLA), composto associado à prevenção e combate de determinados tipos de câncer.
Devido à multiplicidade de nutrientes em sua composição e à alta biodisponibilidade dos mesmos, a carne bovina é considerada um alimento de alta densidade nutricional para a alimentação humana.

COLESTEROL
Grande responsável pelo temor de muitos ao consumo de carnes vermelhas, o colesterol é tido como o grande vilão da alimentação humana; mas, contrário do que se pensa, sem sua presença a integridade da membrana que protege as células ficaria totalmente comprometida, assim como a síntese de vitamina D e dos hormônios sexuais; causando a diminuição nos níveis de testosterona e na libido nos homens, além da menopausa precoce nas mulheres. O colesterol é um álcool esteróide que no organismo se transforma em gordura, e tem tamanha importância para a vida, que o próprio organismo produz cerca de 70% de todo o colesterol circulante, devendo somente os 30% restantes ter origem na dieta.

A polêmica envolvendo o colesterol é decorrente do excesso de LDL (lipoproteína de baixa densidade), também conhecido como colesterol ruim e que em condições específicas, pode se acumular nas paredes das artérias, desencadeando a aterosclerose. Entretanto, existem outras lipoproteínas que compõe o grupo dos colesteróis e que são benéficas e fundamentais ao organismo humano; são elas: o quilomicron, VLDL (lipoproteína de muito baixa densidade) e o HDL (lipoproteína de alta densidade), conhecido como o “bom colesterol” e que em grandes quantidades é muito favorável ao organismo, pois é carreado para a circulação e tem capacidade de promover uma limpeza celular.

Para não provocar danos ao organismo, a ingestão diária máxima de colesterol, propriamente dito, não deve exceder 300mg. E para aqueles que pensam em substituir a carne vermelha da sua alimentação, deve-se ter em mente que não se trata de uma tarefa fácil, tampouco barata. A complexa composição nutricional da carne vermelha exige apurado acompanhamento nutricional, pois uma dieta isenta de carnes vermelhas pode colocar em risco a saúde humana.

DOSE DIÁRIA
Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), uma alimentação diária saudável deve ter de 10 a 15% de proteína, com uma ingestão diária de 90 gramas, devendo 50% ser de origem animal e somente o restante de origem vegetal.

Sem me abster da ironia, poderia dizer que a utopia da alimentação humana por meio de rações do padrão vistas nos filmes de ficção científica, em que uma “pílula” fornece todos os nutrientes necessários para a mantença do indivíduo durante o dia. Como isto é acessível somente aos “Flash Gordons” dos cinemas, e nós meros mortais, incapazes de fazer fotossíntese, estamos condenados a ingerir alimentos de qualidade e em quantidades adequadas; o que além de nutritivo é muito mais saboroso que meras pílulas alimentares. Ou alguém pode me indicar uma pílula de picanha com dois dedos de gordura?

Outra opção para aqueles que não apreciam os “prazeres da carne” vermelha e desejam eliminar a carne bovina da sua dieta e ainda assim manterem-se saudáveis; é fazer a substituição de um bife de 100 gramas por: 15 gramas de linhaça moída; 16 gramas de amaranto; 11,6 gramas de mix de folhas; 11 gramas de coalhada seca; 8,4 gramas de farinha de soja desidratada; 7,1 gramas de semente de gergelim; 6,9 gramas de lentilha; 6 gramas de pêssego desidratado; 3 gramas de frutos do mar.

Como percebemos, não é nada fácil substituir as carnes vermelhas da nossa dieta; desta forma, a carne bovina é e sempre será uma excelente fonte nutricional, à qual devemos trabalhar arduamente para que se torne acessível a todas as populações do mundo. Não ingerir carne por opção é respeitável, mas muitos povos não o fazer por falta de possibilidade e é justamente neste aspecto que devemos nos atentar: O mundo precisa comer!!!




Adaptado pelo próprio autor de:
http://www.consumidorrs.com.br/rs2/inicial.php?case=2&idnot=19700


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