A RELAÇÃO COMUNICAÇÃO E O SUCESSO PROFISSIONAL

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Quando se observa os profissionais bem sucedidos é comum ao aspirante de uma carreira profissional se questionar o que foi demandado para que se alçasse tamanho sucesso. Perguntas como o que se passou nessa trajetória surgem em paralelo à admiração pelo sucesso são comuns para quem observa com olhos de humildes aprendizes.

DÁDIVAS

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Muitas vezes rotuladas como dádivas, o sucesso ou as habilidades de profissionais bem sucedidos raramente o são. Estas habilidades que levaram o sucesso são geralmente fruto da capacitação, treinamento e determinação de pessoas focadas em seus objetivos. Indivíduos que reúnem um conjunto de atitudes, comportamentos e habilidades que os tornam capazes de empreender o impossível para muitos. Como ilustração destas dádivas tem-se o ícone do basquete mundial, o brasileiro Oscar Schmidt. Ele foi carinhosamente apelidado de “mão santa”, mas sempre refutou este apelido alegando horas e horas de treino; ao menos 400 arremessos por dia, de segunda a segunda, depois dos treinos, depois dos jogos e independente se em férias ou não. Seria esta uma dádiva? Seria justo o apelido “mão santa”, ou mais correto seria: “mãos treinadas”? E seriam apenas mãos? E quanto ao salto para fazer o arremesso? E o preparo físico para chegar à beira do garrafão ainda com resistência física para o arremesso? E a comunicação com o restante do time para estar no lugar certo para receber a bola, girar e fazer o arremesso? Durante toda a sua carreira esportiva e novamente no seu livro “Ensinando o Sucesso”, lançado em 2009 pela editora Komedi, ele nos ensinou muito sobre o sucesso, determinação e disciplina; além da transpiração que foi fundamental para o seu sucesso profissional. Mas em qual profissão a determinação e a disciplina não são elementos fundamentais para o sucesso?

COMUNICAÇÃO: PRÉ-REQUISITO PARA O SUCESSO

Algumas outras habilidades são comuns aos profissionais de sucesso e dentre elas a comunicação se destaca, uma vez que em quase todos os casos de sucesso o profissional tem uma boa capacidade de se comunicar. Mas entenda que comunicar não é simplesmente falar; mas se fazer ser entendido; é fazer a sua mensagem ser entendida exatamente como a intenção do interlocutor. Comunicação não é o que eu digo, mas o que o outro entende!

Quando se diz: comunicação; imediatamente nos vêm a mente grandes oradores, mas destaca-se que a palavra em si é responsável por somente 7% do fenômeno da comunicação; outros 38% são referente aos elementos da fala como tom de voz, variação de tom, velocidade, da fala e volume da voz. Por fim, 55% é decorrente do “não verbal”, ou seja: gestual, movimentos da face, das mãos e do corpo. E como dito em outro importante livro, “O corpo fala” de Pierre Weil, o corpo pode desmentir as nossas palavras e por isso deve haver um alinhamento perfeito entre as palavras ditas, os elementos da fala e o gestual. Assim, ter-se-á sucesso em comunicar.

RAPPORT

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Outro ponto importante da comunicação é o rapport, um termo importado e que significa colocar o outro na sua sintonia. Isso deve ser exercitado pelo interlocutor enquanto ele fala e observa na face e no comportamento dos ouvintes as suas respostas não verbais, assim poderá entender se o conteúdo interessa ou não; se está entendendo ou não; se está confirmando a informação ou refutando; se precisa de uma confirmação no conteúdo ou aposição à dúvida. Assim, enquanto se comunica o interlocutor e identifica imediatamente a reverberação da sua mensagem, como um sonar ao entendimento. Dominando esta técnica o interlocutor passa a dominar a conversa, mesmo que não seja ele o mais falante durante o diálogo. Remar nem sempre significa estar no comando da embarcação, é preciso também dominar o leme.

RUIDO

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Além destes, outro elemento também muito importante na comunicação é o ruído, que pode interferir diretamente no entendimento da informação pelo ouvinte. Os ruídos são elementos que podem interferir na atenção e desviar o entendimento da informação.Os ruídos precisam ser compreendidos e considerados no processo de comunicação; entender sua presença e a interferência evita esforços inadequados, minimiza ações e maximiza a transmissão da informação; pode-se inclusive usá-lo a favor do processo de comunicação. 

Imaginemos uma garota fogosa, de micro-saia e salto alto caminhando em praça pública enquanto você, ao centro desta praça, tenta falar para um pelotão recém regado de um ano de missão na faixa de Gaza. Qual será o entendimento da mensagem, uma vez que a moçoila caminha de maneira tão charmosa paralelamente à tropa? Não seria mais honesto consigo mesmo e respeitoso com a tropa e com a senhorita aguardá-la passar para depois transmitir a mensagem? E se ela estiver ao seu lado enquanto você lê a mensagem? Os ruídos estão presentes e podem ser usados ao nosso favor. E se formos nós do exercito inimigo e não desejássemos que a mensagem fosse entendida? É machista e cômico, mas é real e pode ser extrapolado para outras situações onde o ruído é presente.

FILTROS

Imagens, sons compõe os ruídos; mas os medos, desejos e necessidades são itens que compõe outro importante elemento da comunicação, os filtros. Estes são talvez os mais importantes elementos que interlocutor precisa dominar e driblar para se fazer entendido. - Uma pessoa no deserto dará mais atenção ao entregador de água que ao vendedor de loteria, nem que o bilhete esteja premiado. Já uma mulher que tem a sua meia rasgada pouco antes de um importante jantar pagará o que estiver ao seu alcance por outra meia que substitua a danificada e neste momento nem mesmo a mais bela bolsa a encantará ou a fará perder a atenção à sua meia rasgada. Neste momento este é o problema mais importante do mundo, maior até que uma promoção 90% off em uma franquia da Louis Vuitton ao lado da entrada do luxuoso restaurante onde ela percebeu que “rasgou a sua meia”. É por isso a importância dada aos filtros, cruciais e que interferem diretamente no entendimento das mensagens. Os filtros compõe uma espécie de combo onde o ouvinte coloca os seus medos, desejos e necessidades que interferem no entendimento e influenciarão diretamente na decisão de agir ou não agir, fazer ou não fazer, entender ou não entender, acreditar ou não acreditar, comprar ou não comprar.

Tais elementos que compõe o processo de comunicação podem ser utilizados em uma aula, palestra, processo de venda e mesmo em entrevistas de emprego, afinal; todas estas são situações em que a comunicação adequada é elemento fundamental para o sucesso. Encante o entrevistador e a vaga de emprego ou estágio será sua; encante o cliente e a venda estará feita; encante a platéia e a palestra ou aula será memorável; encante o público e os adversários e tornar-se-á um ícone! Foi isso que o Oscar Schmidt fez, treinou as mãos e as fez falar, fazendo escola no arremesso de três pontos. Liderou a seleção nos jogos panamericano de Indianapolis em 1987 e fez o até então inimaginável: intimidou os adversários e suplantou a hegemonia do basquete dos Estados Unidos. Naquela partida Oscar gritou comemorando cada acerto, cada cesta, cada passe certo do seu time e cada roubada de bola; ele comunicou com a sua atitude que naquele dia, naquele momento, naquela partida ele seria invencível e o melhor a fazer era ceder. E assim aconteceu com a seleção brasileira de basquete vencendo a seleção americana por 120 a 115 graças não somente aos 46 pontos do “mão santa”, mas sobretudo por sua liderança, maneira de comunicar com o seu time. Em sua carreira ele conversou com colegas e agregou talentos em torno dos times nos quais atuou. Se aposentou das quadras e criou uma liga de basquetebol, a NBB (Novo Basquete Brasil) já surgida com a força necessária para se tornar a mais importante liga do basquete brasileiro.

SELEÇÃO NATURAL

É evidente que não é fácil e o sucesso está relegado a poucos indivíduos dispostos a serem bem sucedidos e a exercitar as habilidades necessárias para o sucesso. Entender as habilidades exigidas é o primeiro passo, observar os líderes de sucesso é um exercício interessante para se entender quais habilidades são estas. Mas como dito anteriormente: observar com olhos de humildes aprendizes, afinal: o sucesso é conquistado em etapas e o aprendizado constante é fundamental para se manter em sucesso. O sucesso é um estado de espírito e é conjugado com o verbo estar em lugar do ser, por isso o exercício deve ser constante e quem se permite o descanso ou o ócio está fadado a ser substituído por alguém mais disposto e preparado. 

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O mercado não é cruel, apenas respeita a lei de seleção natural, o que foi descrito por Charles Darwin e não deixou de ser realidade mesmo embora a selva seja outra. Entretanto a beleza do dinamismo deste processo é que a seleção natural no mercado caminha a par e passo com a teoria que lembra Lamarck em que os mais adaptados suplantarão os demais. Simples, assertivo e verdadeiro!

Artigo publicado no XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA e adaptado pelo próprio autor

ISSN: 2238-5192 - Pag 4814-4815

Marcus Rezende